terça-feira, 18 de junho de 2013

O Cravo e a Rosa, Como nas Antigas Canções

Sabe o que eu gostaria?
Gostaria de escrever um poema
Sobre ti
O cravo mais lindo do jardim.
Dotado de pétalas brancas e vermelhas
Diferente.
Hipnotizante.

Acho que qualquer poema sobre flor tão bela
Seria de igual formosura.
E qualquer poema sobre flor tão livre
Gozaria de igual liberdade.

Mas tenho medo de escrever-te.
Tenho medo de ser
A rosa das antigas canções 
Tenho medo de ser despedaçada.
Tenho medo
Dos meus próprios espinhos
Tenho medo de ver meu cravo ferido.

Meu cravo.
Você.
Tu.

Chamo-te meu,
mesmo que não me pertenças.
Chamo-te meu,
apenas porque desejo que pertenças a mim!
Chamo-te meu,
porque no fundo (do meu coração) tu és.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sobre amor não correspondido, ser ou não ser.

É estranho como cada palavra que profiro contra ti fere a mim mesma. Às vezes julgo sentir mais o efeito delas do que você próprio; sempre tão devagar...

É engraçado como te odeio e ao mesmo tempo te amo, e como nunca sei o que fazer sobre isso. Sinto o significado da palavra amor a cada minuto. Não, a cada segundo, pois este é o tempo que passo pensando em você (não um segundo, mas todos).

Esse provavelmente é o texto mais clichê que já escrevi, mas ainda assim o mais verdadeiro. É difícil mentir quando falo de você. É difícil não ser – apenas não ser – com você.

Não sei se você entende. Sofro de amor não correspondido. E isso também é engraçado, rir da minha própria infelicidade. Minha infelicidade. Amar e não ser correspondido, ser amado e não corresponder. Nem faz sentido, faz?

Sei que a vida é só uma, mas não me apresso para deixar de amar-te. Afinal, sendo mútuo ou não, você me completa. Acho que acabei dependendo de você. Não como uma droga, pior.


Que engraçado... Do que acho que estou falando? Que engraçado!


Essas palavras... São como café, não me pergunte por que. Só são. Assim como você é. Assim como não sou, mas me torno perto de você. Acho que nem faz sentido, mas desde quando amor precisa fazer sentido? Amar é só amor.

domingo, 2 de setembro de 2012

Presente para Felipe


Eram seis da manhã e aquela terça-feira parecia estar especialmente fria e chuvosa. Deitada na cama, onde estava, podia escutar os carros que passavam pela rua em ritmo lento por conta da água. Subitamente sentindo mais sono, a garota virou-se para o lado e fechou os olhos novamente. Ficou ali por um tempo, mas não conseguiria dormir nem se tentasse então apenas levantou e pôs-se a se arrumar para o longo dia que teria na escola.


° Algo notável °

Um pequeno pacote que ela guardou na mochila antes de sair.


O nome da garota era Lis, e nada mais. Era bastante alta, apesar de ser ainda uma criança – ou pelo menos assim se considerava –, morena e de olhos castanhos bastante escuros. Gostava do próprio tom de pele, mas ainda assim nunca se achou muito bonita, embora isso não venha ao caso no instante. Mesmo chovendo (ou seria em virtude de estar chovendo?), Lis saiu de casa contente. Quem a visse passar provavelmente não repararia no sorriso maroto escondido atrás do guarda-chuva.

Logo a menina chegou ao colégio. Diferentemente dos outros dias, hoje parou e observou o prédio. Nada tinha de especial, assim como as pessoas que nele estudavam, mas ainda assim para ela tinha algum significado. Foi ali onde conhecera seu único amigo.


° Uma visão bonita °

Um garoto lendo um livro e uma garota sorrindo.


Sem hesitar, Lis entrou no colégio e fechou o guarda-chuva, sacudindo-o contra o chão. Olhando agora para o alto, acima de todas as pessoas, começou a procurar por ele. Foi encontra-lo sentado no mesmo banco onde estivera quando se conheceram, lendo outro livro.


  – Gostando do livro? – ela disse e sorriu radiante, da mesma forma que tinha feito no dia que se conheceram.


 – Aham. – ele respondeu, fechando a obra no mesmo instante e permanecendo fiel ao primeiro diálogo.


Rindo, Lis sentou-se ao seu lado e puxou o livro do seu colo para ler o título: A Menina que Roubava Livros. “Definitivamente combina com ele”, pensou, e devolveu o exemplar ao dono no mesmo minuto, virando para o outro lado para procurar algo na bolsa.


 – Feliz aniversário! – ela virou e entregou-lhe um pequeno pacote. Era verde, mesmo que gostasse mais de azul, ela quase nunca era fiel às coisas das quais gostava.


 – Sério mesmo? Não precisava! Achei que você nem iria lembrar. – ele admitiu, rindo.


 – Que tipo de filha você acha que eu sou, Senhor Previsão? – e fingiu estar chateada. Eles tinham praticamente a mesma idade, mas já fazia um tempo desde que começaram a brincar de “pai e filha”.


 – Do mesmo tipo do seu pai?


 – HAHA, engraçadinho! Vai, abre logo!


E ele abriu, parando em seguida para observar o conteúdo do pacote. Ficou ali por um tempo, observando, talvez maravilhado. Até que riu, ou melhor, gargalhou. Gargalhou como nunca antes havia feito, em alto e bom som e com lágrimas nos olhos. Parou de rir tão subitamente quanto começara e disse:


 – Obrigado.


Lis apenas sorriu. Não havia em seu dicionário nenhuma palavra que se encaixasse naquele momento e duvidava que em qualquer outro pudesse existir uma, por isso optou pelo silêncio, mais do que isso, pelo sorriso.

De dentro do pequeno pacote verde, o rapaz retirou um chocolate e começou a comer. Eram caseiros, mas não tinham um gosto ruim. Cada um tinha uma letra feita de chocolate branco por cima, e se ele pusesse todos em cima de uma mesa e organizasse na ordem correta encontraria a frase:


FELIZ ANIVERSÁRIO, FELIPE.

EU TE AMO.


E no fundo, bem no fundo do pacote, havia um bilhete, escrito na frente e no verso. Sem muitas palavras bonitas, mas com palavras do coração, assim como os chocolates.


° A última frase °

Espero que goste, foi feito para você.



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Simplesmente Inviável: Porque também é simplesmente inviável continuar guardando só pra mim.

Já escrevi tantos textos de desabafo e choro que, até mesmo eu, estou cansada da minha própria infelicidade. Não é como se não estivesse cansada desde o início – afinal, sempre tentei não me entregar à dor –, mas desta vez há a diferença de que até mesmo de falar vejo-me cansando.

Sei que tantas palavras na verdade não ajudarão em nada, até porque você provavelmente nem vai chegar ao extremo de lê-las, todavia ainda não tenho (ou não quero ter) alguém pra desabafar, sendo assim o faço comigo mesma.

Eu nem bem consigo lembrar de quando comecei a amar-te tanto quanto você sabe que amei (e agora não me afeto em dizer que ainda amo; parece que enfim a depressão se foi). Você entrou na minha vida de fininho e eu sempre aprecie sua presença nela, mesmo com a dor de cabeça que muitas vezes você me causava.

Agora tenho o prazer de dizer que já não me pergunto quais foram meus erros ou os seus que fizeram tudo mudar tão depressa. No entanto, ainda sinto que estou sozinha. Hoje sou capaz não só de perceber, mas também de admitir, que contei contigo mais do que comigo mesma; tornei você meu apoio enquanto achava que talvez fosse o teu.

Lembro-me de uma vez já ter discutido com você. Naquele dia, achei que nunca mais te perdoaria e acabei por perdoar ainda no mesmo dia. Parece que a mim está fadado que devo sempre lhe perdoar, talvez não aos outros, mas sim a você. Não gosto de ser herói, ou heroína, apenas estou sendo sincera, por mais clichê que possa ser. Quando você cantou para mim, cometi o erro de pensar que conseguiria manter minha promessa de não ter deixar – não me lembro de prometer a ti, mas a mim, com toda a certeza.

E é por isso que apenas admito sentir tua falta. Não ter você aqui para me abraçar, me animar, me amar. Não ter teu colo para chorar, não ter sua voz para dizer-me que está tudo bem, e se não estiver, ficará. Não ter sua teimosia para acreditar em mim, ou sua extrema felicidade para chorar por mim. É simplesmente inviável. Inviável para mim é viver sem você.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Outra carta para Sophie


Querida Sophie,


Você há de me culpar por tudo isso um dia, talvez hoje ou amanhã. No entanto, querida, posso jurar que a culpa não é de todo minha quando descubro minha mente vagando à sua procura – ou talvez seja, pois gosto de te amar um tanto.

Juro-te, se assim desejar, que não memorizei teu cheiro por própria vontade. Ter-te perto me deixa assim; mais agitado, mais acordado, mais feliz. Afinal, sou incapaz de não amar-te o sorriso tão imperfeito e tão perfeito, que gosto de tal maneira a pensar que ele é pelo menos um pouco meu. E se não for, não me culpe por imaginar meu o que não o é, mas aviso-te de antemão: quando se trata de você acontece frequentemente.

E se esta carta já está monótona então me perdoe, pois não posso impedir-me de te amar também os cabelos. Tão ruivos e longos; tão macios (e meus). Nem de amar-te o rosto, principalmente quando suas feições demonstram que acabou de levantar-se da cama.

Sou incapaz também de não amar tua voz. Música para os meus ouvidos, capaz de projetar em meus lábios um sorriso ao dizer para mim coisas tão loucas que apenas me fazem sorrir e ser feliz. E incapaz de amar teus lábios, tão delicados e gentis.

Amo-lhe ainda o jeito de menina, o jeito de sabe-tudo, o jeito de sonhar e também o jeito de abraçar. Ter-te apertada nos meus braços é carregar meu mundo nas mãos e por isso aproveito cada instante da raridade do momento – nem todos são capazes de segurar o próprio mundo nas mãos, são?

Gostaria de pedir que não deposite em mim toda a culpa de tudo isso. Amar-te é inevitável. Afinal, como eu poderia ignorar teu o olhar? Sim, o olhar. Teu lindo olhar. De todos esses é sem dúvidas o meu favorito: delicio-me ao mergulhar no infinito dos teus olhos, pronto para desbravar teus mundos (assim mesmo, no plural), conquistar impérios e construir reinos. E a cada mergulho na imensidão do teu olhar sou capaz de perceber porque me é tão importante. Acontece que em ti vejo a mim, mas não simplesmente isso. Vejo a nós dois. E por isso, Sophie, você há de me desculpar.

Você há de me desculpar porque a ilusão de um coração apaixonado - do meu coração apaixonado - não tem limites. Há de me desculpar por te amar e porque te amo. Há de me desculpar por tirar de ti a paz, e há de me desculpar simplesmente porque tu és minha tanto quanto sou teu.


Do teu amado,
Leonnard.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Brilho das Pessoas


Existem pessoas de todo o tipo. Algumas nascem com um brilho especial, outras nascem sem ele, alguns têm brilho multicolorido, todas são diferentes, mas a maioria nem se dá conta de que ele (o brilho) existe.

Quando você se dá conta da existência desse brilho e começa a reparar nas pessoas, se elas são comuns ou não, se estão apenas se contentando, qual a cor do seu brilho – azul, amarelo, rosa, branco, verde, multicolorido. Uma hora você descobre que também existem pessoas únicas, e quando elas surgem...

Elas podem se encaixar em qualquer um desses grupos, talvez tenham brilho, talvez não tenham nada de especial. É só que elas são únicas. Únicas no amor, no jeito, no sorriso, no olhar.

Existem amores que são maiores do que outros, e quando se conhece uma pessoa única é assim que você se sente. Nada se compara ao que você sente por ela. É difícil desapegar, é difícil se afastar e ficar longe. Você só quer ficar com ela.

No entanto, a danada da vida às vezes nos prega peças. Apresenta-nos pessoas que únicas e depois nos pede para larga-las. E ai você precisa fazer uma escolha.

Já cruzei com pessoas únicas na estrada, no trabalho, na escola. Conheci uma quantidade considerável de três pessoas únicas; todas as três são diferentes de todas as formas possíveis. E em uma parte do caminho, percebi que – não por mim, mas por outro – só é possível amar algumas pessoas largando-as, deixando-as ir. Então eu digo para você, mantenha em mente.

Algumas pessoas só são boas sem você.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Pequena


Hey garota, me disseram que você mudou. Isso é sério? Bem, se é verdade então fico feliz em saber. Ou não muito, talvez. É que você era feliz, sabe. Antes você era feliz. Vivia seus dias a sorrir pelo pátio e brincar com borboletas.
Ah... A felicidade... E as borboletas! Você as adorava, simplesmente isso. Elas voavam e coloriam o ar por onde passavam, mas sua vovó nunca te deixava pegá-las. “Faz mal”, ela dizia, e assim sendo você apenas as via voar.
Menina doce, menina. Sapeca e de ar gentil. Quantas vezes a vi saltitar pelo jardim e brincar de cheirar flores malcheirosas, você nunca se assustava com elas, essas flores. Achava-as bonitinhas, era o que dizia. Mas no final, ninguém gosta de flores com cheiro ruim – ou sem cheiro algum, o que é ainda pior –, e faziam-na largar a flor com uma tapa na mão. Mas sabe o que você fazia, pequena? Você sorria. Você sorria e todos se apaixonavam. Você sempre teve todos na mão e, ainda melhor, no coração. Todos gostavam da sua inocência de menina.
E então a menina cresceu e tornou-se mulher. A inocência de uma mulher não pode ser a mesma de uma criança. Muitos têm medo desta transição, muitos têm medo do que há de vir a seguir e da vida que Deus lhe reservou. Muitos; você não.
Ai menina, minha menina. Você apenas seguiu adiante. Toda sorrisos e alegrias, como se a infância ainda estivesse em frente. E, de fato, parecia que para você estava. A sua vida era uma aventura de criança, sua avó dizia enquanto tricotava, e eu ali – ao seu lado – apenas ouvindo-a falar encanto e enquanto sua netinha crescia como no luar da canção (aquela que sempre fala do sertão), a perseguir borboletas e tocar coração.
Outro dia estava eu em casa, quando me soou a campainha. Era você, minha pequena, que veio visitar. Leu para mim uma história, uma história qualquer; com fadas, princesas e chapéus vermelhos, bem o seu tipo de história. Mas depois fiquei sabendo que não era essa história que minha pequena queria contar. Ah, pequenina... Ah! Se eu soubesse o que diria, nunca teria atendido a campainha. Mas eu não sabia e por isso, num ato leigamente comum na história da humanidade, eu apenas atendi. E as notícias não me foram boas.
Antes de revelar a tal da história, preciso dizer que nessa época você já não tinha mais seus cinco anos. Era na verdade uma mulher formada e prestes a entrar para... faculdade. Era o terror que me afligia. Você iria pra faculdade e, pela primeira vez, ficaria longe de mim.
É claro que eu sabia que esse dia chegaria. No entanto, parece que ele chegou cedo demais, não consigo entender. Passou tão rápido, esse danado do tempo! E pensar que eu já não poderia cuidar de você!
Porque dizem que há males que vêm para o bem, você voltou dois anos depois. Já tinha aparecido ocasionalmente para ver sua avó e talvez, se eu dessa sorte, ler para mim algum conto de fada antigo. Mas foram dois anos depois que você voltou de verdade. Para o enterro da sua vovó.
Foi um dia triste, é verdade. Mas você ficou comigo o dia todo, todo o dia. Já não tinha mais aquele sorriso, meu sorriso. E quando indaguei deu um sorriso torto e disse que passou por muita coisa – mas não pude não reparar que nem sinal do meu sorriso. E minha pequena? Então minha pequena se fora?
Você ficou bastante tempo comigo porque não tinha ninguém para me cuidar, e durante esse período observei as coisas que mudaram em você. Você tinha corpo, mas seus cabelos ruivos perderam um pouco da cor. Seus olhos azuis perderam um pouco do brilho, e seu modo de vestir já não me parecia radiante.
Não sabe quanto tempo eu fiquei assustado com a possibilidade de perder a minha pequena, minha criança, juro que não sabe. Certa tarde, porém, resolvi cuidar da minha vida, e não é que ela calhou de ser você?
Saí na rua e lhe comprei presentes. Lindas sapatilhas azuis, da cor dos seus olhos e um lindo vestido do mesmo tom. Sabia que ficariam lindos em você, e sabia que azul era sua cor favorita. Mas você apenas os pegou, agradeceu e colocou na mesa. Disse que ia fazer o jantar.
Sentei no meu canto, juro que tentei ficar quieto. Algo me incomodava, no fundo da minha alma. Então levantei da cadeira e fui até você. Segurei na sua mão, a mão da faca. E disse “hoje, eu faço o jantar”. E depois, eu acho que tinha algo nos meus olhos, porque você olhou neles e começou a chorar. Simplesmente isso, começou a chorar.
Você desabou no meu ombro por muito tempo, e eu simplesmente fiquei lá, te abraçando. Às vezes, você parava e tentava me olhar no rosto, mas não conseguia, desatava a chorar novamente. E lá ia eu te abraçar e te dar carinho. Você fez isso repetidas e repetidas vezes. De novo, de novo e de novo. E eu não me importei momento nenhum. Exceto uma hora. Isso mesmo, teve uma hora...
Você me olhou nos olhos, e eu olhei nos seus. Passei a mão no seu cabelo, tentando ajeitá-lo um pouco. E então você me abraçou mais forte, e eu disse Acabou, pequena.