- Eu amo. – ela sussurrou insegura, aparentemente para si
mesma, com a intenção de tornar isto claro para a sua alma.
- Realmente amas, Sophie? – em silêncio, sua alma
sussurrou de volta, rebelando-se ousadamente. – Tem certeza disso? Tem certeza
que é capaz de amar?
- Eu amo. – insistiu a garota Sophie, ainda mais insegura
- Eu tenho um coração.
- Nem todos que possuem um coração são capazes de amar. –
a voz da sua própria alma respondeu de volta, preenchendo sua mente com som das
dúvidas e das incertezas.
- Mas eu amo...
- Você não parece ter certeza disso, Sophie.
- Você está errada. Eu amo.
- Não ama. Você é incapaz de amar. Sempre foi.
-E quem é você para dizer isso? Você não é ninguém. Eu
amo.
- Eu sou. E se não sou, você também não é. Somos uma só.
Você é o corpo, dotado de desejos mundanos e humanos. Eu sou a alma. Perfeita.
Sempre perfeita. Capaz de voar e passear em mundos desconhecidos pelo corpo. Eu
amo, e não você.
- Eu já disse, está errada!
- Não estou. Pense bem, Sophie. Você se corta porque não
é capaz de chorar. Você não ama. Se amasse, chorar seria natural.
- É justamente o contrário. Eu amo. Eu amo demais.
- E o que te faz acreditar nisso? Não engane a si mesma.
Você é uma vagabunda que foi tirada das ruas, que não tem gratidão por quem te
salvou. Você não ama. Você não sente. Você não chora. Você não vive. Você caiu
e não levantou. Você está arruinada.
E assim quebrou-se o elo entre o corpo e sua alma. Nas
profundezas do inferno, arrependeu-se a alma. Debaixo da terra, refugiou-se o
corpo. E nunca mais se tornariam um só.
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